Em uma das visitas a minha terra natal, Joinville, em Santa Catarina, fiquei com o queixo caído. Eu já acompanhava as redes sociais do Instituto Internacional Juarez Machado e já havia visto várias amigas e familiares visitando o lugar. Deste modo, claro que eu já havia me planejado em prestigiar o lugar na próxima vez que eu estivesse na cidade! Entretanto, eu não esperava era encontrar um lugar de tão alto nível! E para ser bem sincera, nem tão bonito, como o que eu visitei.
O Instituto Internacional Juarez Machado (IIJM) é realmente uma declaração de amor do artista à cidade de Joinville e à arte. O que a gente encontra neste museu é o desejo de um artista de gabarito internacional de oferecer aos seus conterrâneos um lugar para expor suas obras (e de outros artistas) de forma profissional e com qualidade, assim como a que a gente encontra nos grandes centros mundiais.
Sem dúvida, o lugar é impecável. Ele conta com uma arquitetura primorosa, e onde tudo foi planejado foi com cuidado e perfeição. Certamente, o capricho está nos mínimos detalhes.
Então, venha comigo que eu vou te apresentar o que eu vi por lá!
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Quem é Juarez Machado
Definir o multifacetado Juarez Machado é bem difícil. Aliás, como definir alguém que é ao mesmo tempo pintor, cenógrafo, decorador, escultor, desenhista, jornalista, ator, escritor, mímico, caricaturista, ilustrador e cartunista? Afinal, Juarez é um dos pintores mais famosos e bem-sucedidos do Brasil, que brilha em várias áreas e no mundo todo.
Nascido em Joinville em 1941, sempre foi estimulado pela mãe e pelo pai, que era um caixeiro viajante com uma mente mais aberta. Conta a biografia de Juarez, que ele estudou na Escola de Música e Belas Artes do Paraná entre 1961 e 1965. Apesar de Juarez ser um apaixonado por sua cidade, ele voou o mundo. Contudo, ele fez do Rio de Janeiro seu lar em 1966 e depois Paris, onde está desde 1986.
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Homem do mundo
Juarez diz que ele não tem casas, mas sim ateliers. Assim, ele conta com ateliers em Joinville, Rio de Janeiro e Paris. Sendo que ele teve um atelier em Veneza também. Em Paris, seu atelier fica na Rue des Abbesses, no famoso bairro de Montmartre. Ali ele diz viver de 3 a 4 meses por ano. O restante do tempo ele se divide entre cidades como Rio, Joinville, Floripa e Curitiba.
Clientes famosos
Entre os apreciadores e colecionadores de suas obras estão nomes como Jack Nicholson e Catherine Deneuve. Cada um deles tem quatro obras de Juarez cada um. Mas não para por aí! Suas pinturas serviram de inspiração para o cenário de cores intensas e iluminação do famoso filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001), do diretor Jean-Pierre Jeunet.
Teatro Juarez Machado
A cidade que ele tanto ama também retribuiu todo carinho que ele tem dedicado à cultura e a ela. Além do título de Cidadão Honorário, que ele ganhou em 1982, Juarez recebeu de presente um teatro com seu nome, inaugurado em 2001. Além disto, Juarez recebeu também a Ordem do Mérito de Rio Branco do presidente da República em 1990.
Outro lugar que tem uma linda e enorme obra sua na porta de entrada é o Centreventos Cau Hansen, em Joinville. É neste complexo que está o teatro com seu nome e que também abriga a única filial da Escola do Ballet Bolshoi fora da Rússia. A obra “O Circo” foi seu presente à cidade. Ele é um portal grandioso para o lugar, que hospeda anualmente o Festival de Dança de Joinville, o maior festival de dança do país.
Estilo
É importante ressaltar que Juarez é um artista irreverente. Deste modo, suas obras trazem, muitas vezes, críticas sociais com este traço. Dono de um estilo único, ele afirma ter prazer em pintar e contar histórias. Com efeito, ele não faz telas só para enfeitar paredes. Suas obras são sempre significativas, de forma que ao parar em frente a uma tela dele, a gente percebe que ela tem algo a apresentar. Fora isso, outros pontos marcantes de sua obra são as cores intensas, as figuras femininas muito presentes e as bicicletas.
Juarez Machado tem três filhos e segue em atividade plena.
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Criação do Instituto Juarez Machado
O Instituto Internacional Juarez Machado (IIJM) nasceu da vontade de fazer um “espaço para as artes”. Na realidade, ele queria um lugar para expor suas obras. Sobretudo, incluir também obras de outros artistas. Naturalmente, de forma profissional e bem administrada, como as que ele via no velho mundo.
Então em 25 de novembro de 2014 foi inaugurado em Joinville, sua cidade natal, o Instituto que leva seu nome. Ele escolheu a casa que viveu com sua família. Afinal, casualmente, ela reunia vários fatores positivos, para ser o embrião deste projeto que cresceu de forma linda. A casa é a cara de Joinville! Assim como fica numa região linda e tem um valor sentimental inestimável para o artista.
Então, Juarez restaurou a casa e construiu um pavilhão nos fundos dela, onde ele apresentava uma exposição por ano. Nos outros períodos, ele convidava outros artistas para exporem seus trabalhos. Mas a fama do lugar cresceu. Assim sendo, cresceu a necessidade de manter uma exposição permanente com obras do renomado artista.
Novo pavilhão
Deste modo, a casa ao lado do Instituto Juarez Machado foi comprada e foi demolida. Ela deu espaço para mais um pavilhão, que conta com 450 m². Esta parte nova foi inaugurada em março de 2018 e conta com cafeteria, uma biblioteca artística, além de uma loja. Entretanto, o segundo andar do novo pavilhão é a área mais aguardada por quem visita o lugar. Afinal, ali que estão expostas as obras que fazem parte do acervo de Juarez Machado.
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Uma visita ao Instituto Juarez Machado
O Instituto Juarez Machado não fica bem no centro comercial de Joinville, mas ainda na região central da cidade. A região ao redor dele é muito bonita, com muito verde, lindas residências e até outros centros culturais. Numa área bem nobre da cidade, o Instituto não poderia estar melhor localizado.
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Ao chegar, é necessário tocar a campainha no portão. Uma recepcionista recebe o visitante e o direciona para onde ele deseja. Como já foi dito, o Instituto Internacional Juarez Machado (IIJM) abrange a antiga residência da família Machado e dois outros pavilhões independentes. Em um deles, o principal, estão expostas as obras de Juarez Machado. Já no outro, ficam as mostras e exposições de outros artistas.
Inesperadamente, os pavilhões foram projetados pelo próprio Juarez Machado. Segundo ele, são uma homenagem à história e à cultura de Joinville. Por isso, dá para observar “detalhes em enxaimel na parte externa e a estrutura remete às fábricas de tecidos, com o telhado inclinado e grandes janelas no piso superior”.
Normalmente, os visitantes seguem direto para o pavilhão mais recente, onde estão as obras de Juarez Machado. E, onde também está a bilheteria, a biblioteca e um delicioso café.
Pavilhão de Exposição de Juarez Machado
Bilheteria, Recepção, Biblioteca e Café L’Artiste
A bilheteria fica logo na entrada do pavilhão, e junto a ela está um loja de souvenires. Nesta loja são comercializadas peças com a grife do artista e produtos exclusivos criados por ele. Aliás, a loja vende também diversos livros sobre as obras de Juarez. Inclusive, até reproduções assinadas de seus quadros.
Neste mesmo ambiente, ainda no piso inferior, estão a biblioteca artística e uma deliciosa cafeteria. A biblioteca conta com centenas de títulos. Assim, ela foi pensada para contribuir “como fonte para pesquisas, formação e conhecimento”. Então, se você quiser pesquisar algo ou saber mais, é muito bem-vindo à biblioteca!
Por fim, tanto a Cafeteria, a Biblioteca, assim como a Casa do Artista e o Jardim, podem ser visitados gratuitamente.
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Exposição de Juarez Machado
No segundo andar do novo pavilhão estão expostas as obras do artista. Só para ilustrar, a exposição atual chama-se “dos 11 aos 77 anos”. Esta exposição ganhou este nome porque ali estão expostas obras de toda carreira do artistas. Inclusive o primeiro quadro a óleo pintado por Juarez, aos 11 anos de idade está ali. Ela fica em cartaz por um ano e será substituída por outra exposição pensada por Juarez. Seja como for, sabemos que a exposição usará obras do seu acervo, que conta com mais de 3 mil quadros e 7 mil desenhos.
Por certo, o ambiente do instituto é amplo e iluminado. Assim como dá para observar as obras do artista com conforto. Sem dúvida, numa estrutura que não perde em nada para os melhores museus europeus e americanos. Devido à iluminação especial, aos bancos confortáveis e as explicações de algumas telas, a gente pode facilmente passar muito tempo apreciando o acervo.
Com o intuito de oferecer mais explicações sobre o artista e sua obra, os funcionários do Instituto estão sempre presentes pelas salas para responder todas as dúvidas. Além de, é claro, introduzir o visitante ao universo de Juarez Machado.
Casa do Juarez Machado
A antiga casa da família Machado e início do Instituto serve hoje, em grande parte, como administração do lugar. Mas ainda tem duas salas e uma varanda onde a gente pode ter um contato mais íntimo com o artista.
O imóvel foi construído em 1942, mas foi comprado pela família Machado no final da década de 50. Então, foi nesta casa que os pais de Juarez Machado viveram. Assim como, foi neste lugar que o instituto começou a tomar corpo.
Na sala da casa tem várias peças garimpadas no Estado todo pelo pai do artista, o Sr. João de Oliveira Machado. O pai de Juarez era caixeiro viajante. Assim, estas aquisições paternas, junto a objetos pessoais, formam o atelier cenográfico do Juarez Machado.
Neste ambiente dá para observar como funciona o projeto criativo dele. Assim como são as etapas para fazer um quadro, rótulos e capas de livros, que são fontes de renda. E claro, o champagne, que sempre está aberto e borbulhante para iluminar as ideias! O quadro grande ao fundo mostra os lugares onde Juarez tem atelier: Paris, Rio de Janeiro e Joinville.
Joinville, a filha da chuva por incompetência do sol
Uma das obras mais famosas do Instituto Internacional Juarez Machado está exposta aqui na casa e se chama “Joinville, a filha da chuva por incompetência do sol”. Joinville é chamada carinhosamente seus moradores de Chuville, já que chove acima da média na cidade. Ela mostra uma mulher (representando Joinville) andando de bicicleta com um guarda-chuva. Ao fundo da obra veem-se vários pontos turísticos da cidade. Uma obra linda, realmente!
Outra obra famosa de Juarez é sua bicicleta de roda quadrada, que está no logotipo do Instituto.
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Pavilhão de exposição para outros artistas
Este amplo pavilhão tem 2 pavimentos. Segundo o site do Instituto, o lugar “é totalmente climatizado, sonorizado e com iluminação em trilhos”. Além disto, ele está apto a receber as mais diversas produções e manifestações como exposições de arte, lançamentos literários, apresentações cênicas ou musicais. Assim como pode receber seminários, encontros, debates, entre outros.
Durante minha visita, o lugar apresentava uma mostra de fotografias que tinha como tema bicicletas. Ainda, apresentava uma exposição de quadros mostrando o mar, de um artista paranaense.
Jardim
O jardim do Instituto também é uma grande atração para quem visita o museu! Além de ser muito bem cuidado e com plantas típicas da cidade, ele foi planejado para integrar os pavilhões e a casa do artista. Acima de tudo, ele ainda teve de manter sua essência, como era na época sua mãe. Semelhantemente a sua infância, o jardim tem um banco para se sentar e apreciar a tranquilidade do lugar. Aliás, nada por ali parece estar fora do lugar.
As plantas foram mantidas, e lá pode-se ver antúrios, camélias, jabuticabeira, goiabeira, e até bananeiras. Durante minha visita as bananeiras estavam carregadas de cachos de bananas. Uma beleza de se ver!
Como é de se esperar, no jardim estão duas esculturas do artista. Por isto, a gente encontra uma das peças bem em frente à entrada do pavilhão com obras do Juarez. Feita em aço, ela foi trazida de Paris e faz referência à escultura Vênus de Milo.
A outra escultura também se chama “Filha da Chuva por incompetência do sol“, como um famoso quadro dele. Aliás, esta obra vermelha e muito criativa, fica bem em frente ao pavilhão de exposição de obras de outros artistas.
Em 2014, este jardim foi premiado com o 1º lugar na tradicional Festa das Flores de Joinville, na categoria Jardim Empresarial. Esta importante festa da cidade acontece anualmente a 80 anos e atrai visitantes de todos os cantos do Brasil.
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Curiosidade
A bicicleta faz parte da história de Joinville e de Juarez Machado. Joinville, entre vários títulos, era conhecida como a Cidade das Bicicletas! Antigamente muitos trabalhadores utilizavam a bicicleta como meio de transporte. Naqueles tempos, era comum ver aquela massa de pessoas se deslocando desta forma nos horários de entrada e saída das fábricas. Assim como, ela fazia parte da vida diária de muitas outras pessoas.
A obra de Juarez sempre foi muito influenciada pela bicicleta. Inclusive sua primeira exposição permanente no Instituto se chamava “A bicicleta na vida e na obra de Juarez Machado“. Uma de suas obras mais importantes apresentada no Instituto mostra justamente Joinville andando de bicicleta (como explicado acima). Em muitos pontos dá pra ver a “magrela” na decoração do Instituto.
Desta forma, para estimular este fato cultural da cidade, quem chega de bicicleta ao Instituto não paga entrada!
Informações Práticas
Endereço
Rua Lages, 994 – Bairro América.
Joinville – SC – 89204-010
www.institutojuarezmachado.com.br
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Horário
Abre de terça-feira à sábado entre 09h e 18h30.
Entrada
Adultos: R$ 10,00.
Meia-entrada: R$ 5,00.
Com o intuito de estimular a visita ao museu, a entrada é gratuita toda quarta-feira. Assim como, os grupos agendados. Já quem for fazer a visita ao Instituto Juarez Machado de bicicleta também entra de graça.
Acessibilidade
O lugar foi planejado para ser acessível a todos. O novo pavilhão conta com elevador e uma passagem no segundo andar ligando ao pavilhão com mostras de outros artistas. Desta forma, cadeirantes e pessoas com necessidades especiais podem circular por todos os ambientes.
Estacionamento
O Instituto não conta com estacionamento próprio, mas facilmente você acha vagas gratuitas na rua, em frente ao museu mesmo. Como é uma região mais residencial, estacionar nos arredores é bem tranquilo. Ou melhor ainda, vá de bicicleta! 🙂
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